Como convencer o consumidor a pagar mais para comer melhor?
Todos querem uma alimentação saudável, mas o preço de alimentos livres de agrotóxicos por vezes é um impeditivo. Para especialistas, é preciso trabalhar o conceito de valor agregado a esses produtos
No futuro, os consumidores vão preferir os alimentos produzidos de maneira sustentável e o grande desafio será como atendê-los.
A afirmação foi feita por Alex Lee, representante no Brasil da Produce Marketing Association (PMA) - associação do segmento de produtos agrícolas frescos e flores - que participou de encontro promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Ao analisar as tendências do consumidor, Alex Lee apontou para o que talvez seja o maior problema: como convencer o consumidor de que vale a pena optar por produtos saudáveis.
"Isso passa por uma mudança de visão, da comida como mercadoria para a comida como alimento para nossa melhor qualidade de vida e do nosso planeta", disse Lee.
Ele lembrou ainda que os alimentos precisam atrair os consumidores e, nesse caso, entram a aparência do produto e a qualidade da embalagem, que também tem que ser saudável.
Citando dados de uma pesquisa da PMA, Lee disse que 28% dos brasileiros estão tentando cozinhar mais em casa do que comer fora e 47% estão interessados em testar serviços que ofereçam refeições saudáveis à sua porta.
Mas a grande dificuldade a ser vencida é o preço dos alimentos livres de agrotóxicos.
A opinião é compartilhada por José Eduardo Brandão Costa, da Confederação Nacional e da Associação Brasileira de Produtores de Frutas (Abafrutas). Para ele, o consumidor brasileiro ainda não tem consciência de que o alimento produzido de maneira sustentável é mais caro, porque o seu custo de produção é maior, mas que o seu valor também é maior.
"Agregar valor nem sempre é uma tarefa fácil. É preciso ligar o conceito de saudabilidade, que é racional, ao de estar bem com a vida que é um conceito emocional", disse.
A lógica do processo, segundo ele, é que a agricultura sustentável seja "economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justa".
Para isso, diz ele, a parceria com o governo é muito importante. Ele lembrou que foi assim que o Brasil conseguiu sucesso na produção e exportação de frutas, especialmente para a Europa, com uma marca que garante a qualidade do que o consumidor está comprando.